Advogados alegam que deputado não teve ‘intenção’ de assediar Isa Penna

Momento flagrado em vídeo foi um 'rápido e superficial abraço', escreve advogado que defende deputado no Conselho de Ética

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O deputado estadual paulista Fernando Cury (Cidadania) apresentou, na segunda-feira 8, sua defesa ao Conselho de Ética da Assembleia Legislativa de São Paulo sobre as acusações de assédio feitas por Isa Penna (PSOL), deputada apalpada por Cury em momento gravado em vídeo.

A principal alegação do deputado é que o ato foi um “rápido e superficial abraço”. A defesa argumenta ainda que ele não tem um histórico de machismo e desrespeito às mulheres e que há de se considerar, no caso em julgamento, o “aspecto subjetivo” de Cury no momento do ato, “o que pressupõe conhecer a sua personalidade”.

O advogado de Cury, Roberto Delmanto Júnior, também pede para que três parlamentares do PSOL – Carlos Gianazzi, Mônica da Bancada Ativista e Erica Malunguinho sejam excluídos do processo por não possuírem “imparcialidade” para o julgamento. A defesa também apontou suas próprias testemunhas para o caso: oito mulheres, incluindo a chefe de gabinete do deputado.

A escolha das testemunhas mulheres pode servir como evidência de que, o relato delas prove que Cury não “assediou sexualmente quem quer que seja”. Um dos argumentos aventados é que o caso de Isa Penna não inspirou outras denúncias contra Fernando Cury. Diz o texto: “Aliás, fosse ele uma pessoa dada a assediar mulheres, com a enorme repercussão midiática que os fatos aqui tratados obtiveram, não tenham dúvida que outras mulheres o teriam denunciado”.

 


 

Apesar do momento estar gravado em vídeo e ter tido grande repercussão midiática, a defesa também argumenta que o que importa “não é exclusivamente o aspecto objetivo das imagens, mas também, e sobretudo, o aspecto subjetivo da conduta” – ou seja, uma intenção em assediar Isa Penna, como detalha o advogado em outro trecho:

“A infração ética imputada consistente em assediar a nobre Parlamentar, para se caracterizar, pressupõe má-fé, requer uma intenção carregada de maldade de abusar, de intuito sexual”.

 

“Serão dias difíceis”, escreveu Penna

Nas redes, a deputada afirmou que a semana promete “dias difíceis” com a aproximação da decisão do Conselho de Ética em investigar ou não Fernando Cury.

“Reviver um trauma não é bom para ninguém, ainda mais quando está sendo questionada mesmo diante de fatos. Meu pensamento é por justiça e para que tudo dê certo. Não descansarei enquanto o justo não acontecer!”, escreveu.

 

 

Além do processo na Alesp, Cury responde à investigação no Ministério Público de São Paulo por importunação sexual e dentro de seu partido, o Cidadania.


Relembre o momento em que Cury apalpa deputada:

 

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